quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cerimónia de assinatura do protocolo para a criação do Clube UNESCO - Entre Gerações



A Comissão Nacional da UNESCO - CNU - e a Acôa - Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa - têm o prazer de informar que vai ter lugar a cerimónia de assinatura do protocolo entre as duas entidades para a criação do Clube UNESCO Entre Gerações. Este Clube terá como base de acção o projecto Arquivo de Memória do Vale do Côa, apoiado pelo Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano Entre Gerações. O evento terá lugar no próximo dia 28 de Maio, pelas 10.00h no auditório do Museu do Côa.



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ASSINATURA DO PROTOCOLO DE CRIAÇÃO DO CLUBE UNESCO ENTRE GERAÇÕES


POR OCASIÃO


DO ENCONTRO SOBRE PATRIMÓNIO IMATERIAL


CONCEITO E EXPERIÊNCIAS


Museu do Côa, 28 de Maio de 2011



PROGRAMA PROVISÓRIO



10h00 – 10h15 Abertura


António Martinho Baptista, Director do Museu do Côa


Eng. Gustavo Duarte, Presidente da Associação de Municípios do Vale do Côa


José Manuel Ribeiro, Associação ACÔA


Fernando Andresen Guimarães, Presidente da Comissão Nacional da UNESCO


10h15 – 10h30 A Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial


Fernando Andresen Guimarães, Presidente da Comissão Nacional da Unesco


10h30 – 10h45 Título a definir


Representante da Fundação Calouste Gulbenkian


10h45 – 11h00 O Património Imaterial em Fafe


Pompeu Martins, Centro Unesco “Memória e Identidade”


11h00 – 11h15 Aspectos imateriais no Património Mundial


Representante do Sítio de Siega Verde, Espanha


11h15 – 11h25 Pausa para café


11h25 – 11h50 Apresentação do Projecto “Arquivo de Memória do Vale do Côa”


Equipa responsável e parceiros do projecto


11h50 – 12h00 Assinatura do Protocolo de criação do Clube Unesco Entre Gerações


12h00 - 13.00 Aresentação e visionamento do documentário “Sinfonia Imaterial”


do realizador Tiago Pereira, promovido pelo INATEL


quarta-feira, 11 de maio de 2011

O Património do Côa, a sua visibilidade e a sua história


por José Ribeiro*



As gravuras rupestres do Côa despertaram desde a sua descoberta um enorme interesse por parte dos meios de informação escrita e falada e, muito especialmente, pelas cadeias de televisão nacionais e estrangeiras. Quando em 1994 foram descobertas e anunciadas e no ano seguinte se lutou para que fossem preservadas contra a ameaça da construção da barragem do Côa, não estava apenas em causa a polémica sobre a sua suspensão, mas sobretudo o seu incomparável valor patrimonial.



O ano de 1995 foi decisivo para o reconhecimento internacional e para a defesa do património do Vale do Côa. Nesse ano, a escola secundária de Vila Nova de Foz Côa transformou-se no centro de apoio à luta pela defesa e preservação das gravuras e na plataforma logística por onde passaram inúmeros jornalistas portugueses e estrangeiros, muitos arqueólogos, muita gente com mais ou menos peso político, com destaque para os principais responsáveis pelos partidos políticos. Mas foram sobretudo os jornais diários portugueses e os canais televisivos, designadamente a SIC, que mais se interessaram pelo caso do Côa. Todos eles mantiveram durante meses crónicas semanais e a SIC chegou mesmo a montar “arraiais” na escola e a transmitir em directo durante mais de uma semana. Outros canais estrangeiros, como a BBC ou o canal 2 da Coreia do Sul fizeram também várias reportagens sobre o mesmo assunto.



As reportagens escritas, faladas ou televisionadas sucederam-se a um ritmo exponencial e os telejornais, invariavelmente, abriam com as notícias do Côa. Aliás este fenómeno mediático, por si mesmo, iria servir de estudo no ramo das ciências sociais e humanas.


Por outro lado multiplicaram-se as teses de mestrado e de doutoramento sobre o fenómeno sociológico do Côa, tendo vindo a público um excelente volume da responsabilidade do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa), sob a orientação da professora doutora Maria E. Gonçalves, com a colaboração de vários docentes deste estabelecimento de ensino superior (O Caso de Foz Côa: Um Laboratório de Análise Sociopolítica, Maria Eduarda Gonçalves (org.), Lisboa, Edições 70, 2001).


Hoje o estudo das gravuras rupestres de Foz Côa faz parte integrante e indispensável de qualquer manual da disciplina de História e tem sido motivo de investigação e de estudo em todos os cursos superiores de História da Arte e de Arqueologia, portugueses ou estrangeiros.


A análise política ou sociológica ou a investigação arqueológica continuam a ser as bases fundamentais de estudo, do qual resultaram inúmeros trabalhos de investigação; mas é sobretudo aos responsáveis pelo Parque Arqueológico do Vale do Côa que se deve a maior e mais especializada investigação publicada sobre o assunto. Uma simples consulta ao site oficial do IGESPAR/PAVC (www.arte-coa.pt/) permite-nos contabilizar mais de meio milhar de referências bibliográficas entre artigos, dissertações, conferências e publicações que provam à saciedade a importância do património do Côa.


Mas são também os canais televisivos e as empresas de cinema e audiovisual que continuam a emprestar ao Côa a sua visibilidade, através de filmes e documentários de pequena e média metragem, entre os quais se devem salientar os seguintes:


“Documentário As Gravuras do Côa, Canal 2, RTP”


Côa, La Rivière aux Mille Gravures, realizado por Jean-Luc Bouvret, Maud Compocasso, 2001, duração:52m”


O Vale Sagrado, realizado por Hélio Araújo, Produção de COMSOM, 1995, duração: 60m”


Côa, La Rivière aux Mille Gravures, 2ª Parte, do mesmo realizador, já rodado e estrear brevemente.”


“Filme/Documentário do Canal 1 japonês NHK, coordenação de Chimoto Yoshio, já rodado e a estrear dentro de meio ano”.


A Arte Rupestre do Vale do Côa, realizado por Carlos Correia, Produção da Universidade Nova de Lisboa, CITI e IGESPAR, duração 30m”


“As Gravuras e Não Só, Horizontes da Memória, José Hermano Saraiva, Realização Videofono, 2000, duração: 30m”


“Foz Côa, Um Concelho Dois Patrimónios, Canal História, Realizado por José Carlos Santos, 2010, duração 65m”


A importância política, sociológica e cultural da descoberta e da luta pela preservação das gravuras do Vale do Côa contribuiu para melhorar a percepção que os portugueses têm hoje sobre o valor do património cultural e a sua capacidade em gerar desenvolvimento económico. Não foi por puro acaso que a Cultura foi elevada à categoria de Ministério pela primeira vez na história política do nosso país, precisamente em 1995, aquando do primeiro governo do engenheiro António Guterres e não é sem sentido que a História da Arqueologia Portuguesa considera simbolicamente que as siglas A.C. e D.C. poderiam, caricaturialmente, significar “antes do Côa” e “depois do Côa”.


Ainda está por escrever a “verdadeira” história do Côa ao nível da luta política e da sua componente sociológica. Certamente que só o tempo permitirá uma análise mais racional e científica sobre este assunto. O certo é que a “A Batalha do Côa” faz parte integrante da história recente e é indissociável de um estudo global. Hoje o Parque Arqueológico e o Museu do Côa materializam as vontades que se conectaram em prol deste projecto e nada melhor do que o Museu do Côa para arquivar as suas próprias memórias, levando o seu próprio testemunho às gentes vindouras, num processo social e político que, tanto pode ser considerado como um ponto de chegada, provocado pela alteração mental da Revolução de Abril, ou como um ponto de partida para novas percepções sobre o valor inestimável do nosso património colectivo.


Por uma ou por ambas as razões, o Museu do Côa deve preservar a história do Côa, como elemento essencial da sua própria gestação, facto que, incompreensivelmente, ainda não foi entendido pelos responsáveis políticos da tutela


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*membro da direcção da ACÔA

terça-feira, 3 de maio de 2011

A reabertura da linha férrea entre o Pocinho e Barca d'Alva e a crise económico-financeira


Duas composições cruzam-se na estação do Côa (foto FELIZES, 1960)

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As reacções ao evento levado a cabo pelo grupo de amigos "Foz Côa Friends" sobre a reabertura da linha de caminho-de-ferro entre o Pocinho e Barca d'Alva têm sido extremamente favoráveis, não só ao nível da população em geral, mas também por parte das entidades públicas responsáveis pela região duriense, designadamente o chefe da Estrutura de Missão do Douro, engenheiro Ricardo Magalhães e o presidente da Entidade de Turismo, dr. António Martinho, os quais, em declarações públicas já assumiram a necessidade e a importância da reactivação daquele troço da via férrea.


É bom relembrar aqui que o grupo "Foz Côa Friends" não é pioneiro nesta iniciativa. A reactivação da linha Pocinho-Barca d'Alva consta da agenda do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que em 2009 fez deslocar ao Pocinho a Secretária de Estado dos Transportes, a qual, em cerimónia pública, se comprometeu a reconstruir o referido troço da linha férrea, ainda que o mesmo apenas servisse para aproveitamento turístico.


Actualmente nada justifica que a linha se encontre desactivada e abandonada. É urgente a existência de uma via de comunicação que ligue todo o património do vale do Douro, do Parque Arqueológico do Côa e a sua ligação ao Douro Internacional e ao centro da região de Castilla y Léon.


A reactivação da linha entre o Pocinho e Barca d'Alva justifica-se hoje mais do que nunca e não são os vinte e cinco milhões de euros, verba apontada pela Secretaria de Estado dos Transportes, que poderá servir de travão a este empreendimento.


Portugal e a região do Douro Superior, agora enriquecidos com os Patrimónios da Humanidade, precisam de uma via de interligação que, não ferindo a paisagem, mas sim, melhorando a sua "performance", permita aos milhares de turistas e visitantes não só desfrutarem comodamente da visita ao Parque e ao Museu do Côa, mas também de continuarem a idílica viagem de comboio até à fronteira de Portugal.


A estação do Côa abandonada, 2011


Em tempos de crise, é que os responsáveis políticos devem recuperar as estratégias e os projectos estruturais para o desenvolvimento sustentado, dando prioridade aos projectos executáveis e menos onerosos, abandonando ou adiando todos aqueles que, pela sua concepção megalómana, apenas poderão ser concretizados em tempo de vacas gordas.



A região do Douro e designadamente o espaço territorial compreendido entre o Pocinho e Barca d'Alva são de uma riqueza primordial para toda a região e para o nosso país e isso mesmo é reconhecido a nível internacional, não só pelos organismos culturais como a UNESCO, mas também pelas empresas de análise turística, como acontece com o Centro Mundial de Destinos Turísticos de Excelência com sede em Montreal, Canadá, que declarou o vale do Douro como um dos sete destinos turísticos de excelência do planeta!


Reabilitar o troço da via entre o Pocinho e Barca d'Alva não é uma utopia, como alguns comentam, muito menos em período de crise! O país não pode parar e agora, mais do que nunca, terão que ser racionalizados e aproveitados os recursos que a Natureza e a obra do homem, contemporâneo ou pré-histórico, ofereceu a esta belíssima região do país!


E se os nossos vizinhos espanhóis recuperarem a via férrea entre Barca d'Alva e San Esteban, como tudo leva a crer que aconteça, então teremos a cereja em cima do bolo. O Parque Arqueológico do Côa, o seu Museu e toda a inesgotável riqueza patrimonial do concelho de Foz Côa e regiões limítrofes terão uma via de comunicação directa ao centro da região de Castilla y Léon, onde residem mais de dois milhões e meio de pessoas. Tudo isto sem custos demasiados, nem construções faraónicas.


Ponte do caminho-de-ferro sobre a foz do Côa com o Douro, 2011



O vale do Douro não acaba no Pocinho e a linha férrea que o acompanha deve ser um elemento indissociável e complementar até à fronteira de Barca d'Alva, permitindo uma viagem de sonho que, até agora, apenas pode ser desfrutada até ao Pocinho.



Em 1987, mercê das políticas de abandono dos transportes públicos, a via férrea do Douro sofreu uma "trombose" na estação do Pocinho e toda a região a leste foi morrendo de inanição e de abandono. Justificar-se-ia na época?! Admitamos que sim! Mas hoje, quiseram os deuses operar o milagre da recuperação, oferecendo-lhe as gravuras do Côa, o Museu, o Centro de Alto Rendimento do Pocinho, a Siega Verde e as centenas de hectares de novas vinhas que cresceram na paisagem. O milagre dos deuses fez vistas curtas sobre a trombose da linha e não queiram os homens manter-lhe a doença coronária, que pode estrangular o tecido que tão milagrosamente vai sendo recuperado!


por José Ribeiro

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O CÔA VALE POR SI MESMO

por Jose Ribeiro

O Património do Côa justifica-se a si mesmo, mas as histórias que acompanham a sua evolução capricham em revelarem-se autênticas novelas assombradas. Parece haver um verdadeiro anátema que teima em afrontar a sua história e os seus defensores. Tal como um importante tesouro, que o é, envolvido em lutas obscuras e despiques politiqueiros, mais parece uma maldição tutancamónica que, nos enredos cinematográficos, acompanha os tesouros da Antiguidade.

Depois de batalhas e escaramuças que teimam em perdurar desde a sua descoberta, o Côa parece continuar ameaçado por uma mão invisível que sempre aparece, quando algo de inovador raia no seu horizonte.

O agouro caiu agora sobre a Fundação Côa-Parque. Embora publicitada, in extremis, no próprio dia da inauguração do Museu e contrariando a estratégia que fora avançada, a ideia de Fundação ganhou forma e conteúdo, mas mesmo esta sofreu metamorfoses esquisitas ao longo de três estatutos que se foram alterando, à medida das vicissitudes políticas, desde a fase de crisálida-apócrifa com sete patas recheadas de partidarismo doentio, até surgir como bicho adulto de apenas três, porém mais aptas para a sua locomoção.

Mas, uma vez mais, a maldição que carrega estenderia a sua asa negra sobre o bicho recém-nascido. Agora, à assombração tutancamónica juntar-se-iam as pragas dos mochos agourentos que bufam à calada da noite e que comem tudo, nos céus cinzentos, sob o astro mudo, como dizia o inesquecível poeta-cantor.

Não lhe bastava a maldição sideral, eram agora os bichos menores que medram na razão inversa das suas importâncias, que se aliavam àquela para ajudar à festa vampiresca que, inacreditavelmente, sobrevive nestes tempos de ilusão!

Mas depois dos tempos, outros tempos hão-de vir e o Côa permanecerá fiel a si próprio. Continuará a correr para um mar imenso, saltará muros e barragens. Nada o estancará, porque vale por si mesmo e as aves agourentas ou a maldição dos tempos apenas lhe darão aquela auréola de esplendor, que os maiores tesouros do mundo carregam como fatalidade!

sábado, 6 de março de 2010

Apresentação Pública Acôa

A 6 de Março de 2010, nas instalações do Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, foi apresentada a ACÔA. A Direcção da ACÔA apresentou uma estratégia que assenta em dois principais vectores de actuação: tornar a Arte do Côa num ícone mundial do legado da mais antiga Humanidade; e aproximar as populações do Vale do Côa do seu património.

A ACÔA determinou como suas actividades prioritárias o acompanhamento do processo de estruturação do modelo de funcionamento do Parque e Museu do Côa, que assume serem organismos inseparáveis e interdependentes; a colaboração com a Associação de Municípios do Vale do Côa na criação de uma entidade supra-regional que promova e dinamize a região; a sensibilização e mobilização da opinião pública e a promoção do património do Vale do Côa.

Na sequência desta apresentação pública, promoveu a ACÔA uma mesa-redonda sob o lema “Novos desafios do Parque e Museu do Côa”.